terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

a solidão necessária

Esta semana começou um furacão...
Diferente de outras semanas, em que segunda-feira era morna e terça-feira explodia, essa começou com sábado de caos.
Não vou entrar em detalhes, porque não aconteceu comigo. As coisas que aconteceram foram com outras pessoas, vizinhos meus.
O que posso dizer é que depois de tanta coisa, eu precisava colocar pra fora. E não conseguia. Não conseguia chorar, não conseguia gritar.
Então, resolvi pegar minha bike, a Moon (é, ela tem nome...é porque ela é prateada), e sair sem destino.
Primeiro dia: andei toda a ciclovia que leva ao Prado Velho. Fui até o fim que dá num matagal. Andei horas, com cansaço e suor pelo corpo, sem parar, sem pensar, só fazendo força pra correr o máximo que dava.
Não adiantou nada.
Segundo dia chutei o pau da barraca: peguei a Moon e fui até Pinhais. Meu corpo pedia descanso. Minha cabeça pedia água. Minha alma pedia que eu corresse cada vez mais. Minhas lágrimas escorriam pelo interior do meu espirito.
Eu não andava de bike, eu estava fugindo. Fugindo dos problemas, daquilo que vi e me senti diminuída, das lágrimas dos outros, do meu trabalho dando errado, das contas a pagar, da solidão e da carência. Só a Moon me compreendia. Se eu explicasse ninguém entenderia.
Pela primeira vez na minha vida a solidão que eu sentia era um bálsamo. Eu me sentia feliz e aliviada por estar só.
E ali entendi quando amigos meus corriam para academia, e lá se matavam em exercicios sem falar com ninguem. Ou quando alguem pegava o carro e saía sem destino. Ou quando via uma pessoa simplesmente se sentar e olhar o vazio.
É um momento perigoso. Eu digo isso porque minhas pernas estourando me avisavam do abuso. Imaginei quem se tranca em casa, quem precisa estar com alguem, quem pega o carro, quem não tem pra onde correr.
E nestes momentos vemos as pessoas perdendo o controle. Eu quase perdi o meu.
Eu imagino que isso acontece com todo mundo algum dia. Nós aprendemos a não chorar. A não gritar. É fraqueza.
Será? Será mesmo?
Eu acho que quem chora por ver um grilo é bobo. Mas quem chora porque não aguenta mais é sem dúvida a mais forte das pessoas. Porque sabemos que esta passando em cima de qualquer coisa, por cima de sua propria convicção, para derramar aqueles filetes pelo rosto. Sua dignidade ferida, sua vergonha, a impressão dos outros. Nada existe. Só aquele sentimento. Só ele.
E hoje, com uma puta dor nas pernas, olhei a janela e pedi a Deus, às estrelas, que trouxessem paz ao meu espírito. Ao espirito de todos que amo. De todos que conheço e hei de conhecer. Porque ainda não consegui chorar. Embora as lagrimas escorram pelo meu espirito. Mas aos poucos elas vão embora.
Chorem quando quiserem. Quando puderem. E quando não puderem também. Sejam livres. Assim como eu estou tentando ser agora.
Beijos e até breve!!!

Um comentário:

  1. Só posso desejar melhoras a sua alma.... e recomendar que não judie tanto das suas pernas... afinal, não é por causa delas que você não chora...
    Se precisar de ouvidos... os meus estão à disposição!
    Beijos
    Tata

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