domingo, 1 de agosto de 2010

Um pouco de Mel na minha vida

Domingo, dia de chuva em Curitiba.
Escrevendo deitada na minha cama, aproveitando um clima para chá com bolinhos de chuva (saudades de vó...), eu olho para ela. Deitada aqui na minha coberta favorita, parece de pelúcia. Pêlo laranja, olhos verdes, miado que ora me lembra uma onça, ora me lembra um nenem.
Mel. Nome dado pelo vizinha, por causa da cor do pêlo.
Ela dorme tão calma e está tão quentinha...me acalma o coração. E imaginar como ela chegou aqui em casa...
 Soninho boooom...

Sexta, dia de sol. Íamos eu e o Bruno, que trabalha comigo, levar umas amostras em outra cidade. Chegamos no carro e escutamos um miado fraco. Eu vi uns meninos ali perto rindo, e achei estranho. Quando chamei alto, os meninos saíram de perto, e ela apareceu. Magra, muito magra, suja, miando baixo. Eu imediatamente fiquei com dor no coração. Muito mansa, ela logo se esfregou na gente. Resolvi pegá-la e leva-la para minha vizinha cuidar, já que ela tem duas gatas. Mas ela não se deu com uma das gatas, e o resultado é que fiquei com ela, até achar alguém que cuide, porque aqui no meu prédio não podemos ter animais, e eu passo o dia fora e ela fica muito tempo sozinha.
De cara, percebi que ela era criada em casa, porque usa a caixa de areia, mia antes de subir na cama pedindo licença, não come carne ou pão, e não sai daqui do terreno do prédio. E é muito sociável e carente. Muiiiiiiiiiito carente.
Resolvi dar um banho e tirar toda aquela craca do pêlo dela. Quando olhei, ela estava com queimaduras de cigarro na orelha, embaixo do queixo e perto das partes íntimas. Cheias de cinzas e infeccionadas. Se deixou lavar e fazer curativos, talvez ciente que aquilo era importante.
Eu pensava: que covardia! Quem era capaz de fazer isso? Que monstros fazem algo horrível assim?
O bichinho tão inocente, talvez achando que estava recebendo carinhos, e na verdade sofrendo, deve ter fugido ou ter sido abandonada. E veio parar debaixo daquele carro, talvez por vontade divina, pois como bióloga sei como tratar os ferimentos.
Aos poucos fomos nos habituando uma a outra. Quando chego, ela pede colo e uns 15 minutos de carinho, senão fica braba e mia. Pede para sair e na volta arranha a porta pedindo para entrar. Quando esfria muito, ela me pede para entrar embaixo das cobertas, no meu pé.
Bom, posso dizer que Mel trouxe mais do que uns miados e pêlos pela casa. Ela me trouxe mais paciência, porque ela não sabe o que é certo ou errado se eu não ensinar. Ela pula em meu colo e dorme, e quando a acordo ela mia de um jeito que parece que está falando "Ei tava mimindo!". Agora eu me programo para deixar a casa limpa, para ela não comer nada que não deve, para chegar cedo evitando de deixa-la sozinha. Ela me olha cheia de carinho, e eu retribuo, sabendo que ela deve entender o quanto quero ela em um lugar espaçoso, e que me indigno com a crueldade que fizeram contra ela.
Covardia contra animais é horrível. Não sei o que pensam aqueles que fazem mal a quem não entende, não fala e só sabe se defender mordendo ou arranhando. Que dor deve sentir?
Imagino então a dor da mãe que perde o filho por covardia de outros, do pai que vê seu bebê machucado numa creche. E o que pensa aquele covarde que espanca a esposa, que estupra criança, que rouba de idosos.
A Mel me trouxe coisas maravilhosas. Às vezes ela me deixa maluca, como quando derrubou meus vasos de flores e encheu minha sacada de terra. Ou quando me acorda de madrugada querendo brincar. Eu me irrito, mas nunca desceria a mão nela, a queimaria com cigarro, ou a machucaria. Ou a abandonaria.
Somos responsáveis por quem cativamos. Seja pessoas, seja animais. Covardia vemos e passamos todos os dias. Mas podemos e devemos evitar.
Quem quiser adotar a Mel, me avisa! Não vou me chatear, porque ela irá para boas mãos!
Beijos e até breve!
Magrinha...mas tem umas patas loooongas, faz um alongamento incrível!
 ela é muito irmã do Garfield!!!!