quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Por enquanto

"Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim, tão diferente...
Se lembra quando a gente 
chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre,
Sem saber que o pra sempre sempre acaba?
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou.
Quando penso em alguém
só penso em você
E aí, então, estamos bem.
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está...
Nem desistir, nem tentar...
Agora tanto faz...
Estamos indo de volta pra casa"

(Por enquanto - Legião Urbana)

Olá!
Este post é uma despedida...
Sabe, eu não gosto de me despedir...Quando sei que vou ter de me separar de quem eu gosto, meses antes eu vou cortando contato, evitando falar. A idéia é que a pessoa sinta cada vez menos a minha falta, e eu a dela. Assim a despedida é mais fácil.
Mas claro que isso é estúpido. Ao invés de manter a amizade, estrago todo o esquema.
Mas não consigo evitar...desculpe!
Bom, eu estou voltando para Cascavel em breve. Vou morar lá, arranjar um emprego legal, cuidar da minha vida um pouco mais (eba terei rotina!!). E vou cuidar de quem eu gosto e sinto tanta falta: pai, mãe, primas, irmã...
Na primeira vez que fui para lá, há 4 anos atrás, eu sabia instintivamente que teria que voltar. Nem fiz questão de me adequar ou me arranjar lá, porque sabia que a volta seria breve. E acabei voltando num ímpeto, que surpreendeu muita gente.
Hoje, é diferente. Eu quero voltar. Sei que talvez no futuro retorne pra cá (vocês já notaram que sou imprevisível?) para um doutorado...mas não agora...quero sossegar, ter meus filhotes e uma cara legal, minha casa, fazer exercício, tomar chimarrão no inverno na varanda de casa ouvindo o vizinho escutando um Sertanojo daqueles...hahahahahaha
É...acho ques esta vida de bar em bar já passou para mim hehehehe
O fato é que nunca aviso antes. Sabe por que?
Porque dói! Deus, como dói ficar longe!
Que falta sentirei de encontrar os amigos e falar daqueles tempos de colégio...Da apertada que a Nana deu na bunda do Rhicardinho, do Ziriguidum, do mico histórico no dia de ir ao Blue Bell, do jogo de volei que perdemos os 3 sets por 23 a 0, aquela luta do Luciano que nem deu tempo de atravessar o ginásio para ver...dos professores, do que faremos no futuro, as combinações de viagens que nunca pude ir, aquele casamento já marcado e aquele que nem noivou ainda...Alguns coxa-brancas provocando os atleticanos e todo mundo se rachando de rir...
Que falta vou sentir de almoçar no RU e ouvir as pérolas de sabedoria do China, falando da água peluda, ou as viagens sem pé nem cabeça quando eu e a Taís escrevemos mais um capítulo da Novela "O despertar de um mestrado", uma verdadeira epopéia mexicana, com direito a vilã de tapa-olho e assombração...Ou se encontrar um certo cara no corredor e descobrir que ele não usa mais blusa amarrada na cintura de tanto enchermos a paciência dele. Ou aquela vez que provocamos o Luiz falando do porte físico e ele ficou roxo de vergonha...e aquela doida da Jana e seu jeito inimitável? Ou ouvir o Paulo elevar a discussão no laboratório para um ponto que não tinha nada a ver e perdemos o fio da conversa...que termina em gargalhadas.
Que falta vou sentir de ir na Igreja e ver meus amigos queridos, e trocarmos confidências na célula, e descobrirmos o quanto somos apegados, mesmo que nos conheçamos há pouquíssimo tempo! De chorar sem medo, de rir abertamente e expressar o que sente.
Que falta vou sentir de alguns amigos especiais, que sabem da minha vida até o que eu nao sei, com quem converso sobre tudo sem censura, que recebo em casa a qualquer hora, com quem tenho uma longa história, mas que no final sempre termina com "Eu amo você!"
Que falta vou sentir de pegar o expresso e ouvir a moça falando "Próxima parada estação... Desembarque pelas portas 2 e 4." De ir num dos muitos shoppings pegar um cinema e ver que cada shopping tem sua tribo característica. De ver cartaz de cachorro-quente escrito "Duas vinas"!!!
De sair de manhã sob sol, de tarde chover litros, de noite fazer frio de bater o queixo.
Do trem saindo pontualmente toda terça e domingo as 8:30 da manhã...
Mas o que mais é legal é que sei que posso, a qualquer hora, voltar aqui e sentir tudo isso de novo.
Por isso estou de volta pra casa...mas não estou de saída da vida de vocês...se ainda quiserem, sempre estarei presente. 
É duro e choro muito, mas vou feliz. Porque amo vocês, e amor assim nunca se apaga.
"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Romanos 12:2)
Beijos e até o próximo!
PS: fique atento para as datas das minhas despedidas, hein?
PS 2: COMO TEM DUAS CHORONAS NO MEU MSN, EU QUERO ABERTAMENTE DECLARAR QUE O TRECHO QUE FALA DE "AMO VC" SE REFERE A MI, PATY, NANA, FREDDY, KELLY E RHICARDINHO.
Olha o que eu não faço por vcs!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O preto, o branco e o arco-íris


Olá!
Esta semana quero comentar sobre um filme.
Raramente eu assisto filmes indicados ao Oscar. Sou daquelas que suspeita de elogios demais. Lembro de ter visto uma vez uma crítica sobre um filme indicado, e ao assistir notei um total desgaste de enredo. Em suma, odiei o filme. A mesma crítica detonou outro filme, e ao assistir saí suspirando de feliz, porque adorei tudo.
Então imaginem como fiquei desconfiada ao ver críticas ao “Cisne Negro”. Não curto balé, e não conhecia a história, mas o trailer me chamou a atenção. De tanto vê-lo, comecei a ficar obcecada, querendo a todo custo ver o filme todo.
Mas, antes disso resolvi relembrar. Lembrei do que conhecia sobre cisnes. Além da história original do patinho feio, lembrava de tê-lo visto em algum lago da cidade. Deslizando pela superfície, com a cabeça baixa, uma atitude que parecia humilde em seu pescoço curvilíneo. As asas longas encolhidas ao corpo pareciam de algodão. Um animal gracioso, etéreo, um reflexo de beleza casta e sábia da natureza.
Mas de repente eis que abriu as asas, e se revelou a majestade. Ergueu imponente a cabeça, e sua postura vencia qualquer rigidez. As asas enormes o elevaram sem esforço, e ele voou como se fosse feito do próprio ar.
Fiquei sem fôlego. Acho que por isso o cisne inspirou o balé. Assim, assisti ansiosa o filme.
E saí em estado de choque. Claro que o filme teve 50% do efeito, mas o fato de eu me ver ali na telona me deixou pasma. Semana passada falei sobre o equilíbrio entre o amargo e o doce da vida. Mas ali eu via o frágil equilíbrio entre o bem e o mal que existe dentro de cada um.
Eu tenho uma Patrícia “lado negro”, digamos assim, dentro de minha psique. Ela é debochada. Irônica. Usa roupas rígidas, olha de canto de olho para você. Com seus lábios pintados de cor escura, um cigarro no canto da boca, ela faz você se sentir um imbecil. Ela te humilha, ela nem faz caso de você. Procura suas feridas e as rasga sem dó. Ela não sente nada. Ela está acima de você. E de mim. Ela é vulgar, sem moral nem escrúpulo. Rouba e engana, exige e não paga. Eu a olho com pena. Ela é tão carente de amor verdadeiro que se protege em couraças, fazendo de conta que sempre ganha. É realmente um espetáculo bizarro.
Ver na tela a frágil bailarina encontrar sua versão negra é algo assustador. Mas se identificar é pior.
Quantas vezes durante estas semana sinto aquela Patrícia negra me agarrar e me puxar, querendo meu sangue? Às vezes vindo a tona, querendo que eu deixe de ser esta mulher com a saúde fragilizando, a mente girando e a alma em frangalhos. Ela não precisa disso, logo eu também não.
Ironicamente, meu pior inimigo mora dentro da minha mente, me torturando, me enchendo de culpa por não fazer meu trabalho corretamente, me acusando de fazer pouco caso, me exigindo perfeição, me acusando de ser uma vadia. Quando acordo ela ri dentro da minha alma, dizendo “E aí, vai trabalhar ou vai fingir que gosta de estar lá, com a bunda na cadeira, fingindo que vai ser alguma coisa na vida? Se acha esperta é? Fique em casa...”
Mas eu vou. A tortura continua. Ela me diz que está com fome e me tenta a comer algo caro, mas me joga na cara que não tenho dinheiro, porque a bolsa de estudos o governo não pagou, e quem escolheu esta vida miserável foi eu. Me fala da possibilidade de viajar, mas você não tem dinheiro! Me fala de receber um abraço de algum cara gentil e carinhoso, que te ama de verdade, mas há! Isso não existe sua trouxa! Eles só querem aquilo que sempre querem!
Fala aos meus ouvidos, sussurando, que as pessoas só me suportam, e que todos têm pena de mim. Para que trabalhar nesta porcaria? Ela não te leva a nada. E você nem consegue fazer direito.
Aí mando ela calar a boca, e ela ri da minha cara.
Assim, minha mente gira. Às vezes penso se não estou enlouquecendo. Não vale a pena. Mas quem decide o que pode ou não? Sou eu? É ela?
Me agarro em Deus e Ele me consola. Na minha imperfeição, eu tento continuar. E vou aos poucos. Mas confesso que quero terminar de uma vez esta tese e sumir daqui, antes que seja tarde. Quero ver o arco-íris!
Assim, quando ver meu silêncio, não estranhe. Estou batendo boca comigo mesma.
Beijos a todos!




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O fel e o mel

Olá!

Sim, faz mais de meses que não escrevo.
Nem preciso dizer que se trata da dissertação de mestrado, me sugando por todos os poros.
As boas notícias são que comecei, a partir de setembro, a ter resultados significativos. Mas com pouco tempo em frente, todas as minhas energias foram direcionadas ao trabalho.
Assim, qualquer linha escrita era de dissertação, qualquer idéia era de trabalho e qualquer descanso era luxo.
As más notícias é que desde então só tenho feito isso, e até agora não consegui parar, porque meus resultados são bem inconclusivos.
Deixemos isto de lado. Não é o que quero falar.
Bom, há mais ou menos uma semana tenho pensado num post com o título do post de hoje.
Você sabe o que é fel? Pelo Sr. Aurélio, diz que:
FEL: substantivo singular masculino. Fel é a bile (líquido verde-escuro) do fígado animal com sabor muito amargo. Como adjetivo masculino, se refere a algo amargo, acre.
E mel? Bom, acho que você sabe. Algo doce, muito doce, de validade infinita (sabia que mel bom não estraga?).
O que mais me surpreendeu quando escrevi este post é que houve coincidências entre o fel e o mel:
3 letras.
São produtos de origem animal.
São usados com adjetivos.
Terminam com EL. O sufixo EL se refere a coisas divinas. Por isso que muitos nomes bíblicos terminam com EL (Rafael, Gabriel, Miguel...).
E o mais maluco é que estas duas coisas são totalmente opostas e ao mesmo tempo precisam uma da outra.
Você já provou fel? Ah já. Aquele gosto amargo, de derrota, de cansaço, de choro, de lamento. Aquela sensação acre no peito, um sufoco, um grito ecoando na alma. Você nunca deve ter bebido o fel, mas algo amargo pra valer você já deve ter comido, e duvido que repetiu com prazer.
E o mel? Aquela conquista maravilhosa, aquele sorriso de satisfação, aquele grito de alegria, o abraço da vitória. Aquele gosto de coisa boa, de júbilo, de gratidão, de amor. Você já deve ter comido mel, e deve até gostar, mas duvido que tenha comido quilos dele numa tacada. Você come e de repente enjoa. É doce demais.
Onde quero chegar?
Bom, eu disse há muito tempo para Deus: "Senhor, me traga problemas. Muitos deles. Porque sem eles minha vida será sem graça, e nunca saberei se sou forte quanto penso que sou."
E, de fato, desde então as provações tem sido uma atrás da outra, em sucessão, ora alegrias, ora lágrimas.O carrossel de emoções sempre girando.
Eu fico triste quando estou no limiar das minhas forças. Choro, me descabelo, oro, como chocolate. Mas penso que uma hora acaba. Me esqueço às vezes deste fato. O Pra sempre sempre acaba (R.R.). 
Da mesma forma, o lado bom também tem dias contados. Aproveito estes momentos de paz sem me lembrar às vezes que eles passarão. Ao invés de aproveitar cada minuto, olho para aquilo como se fosse espectadora, não como atriz principal.
Estas semana pensem em como duas palavras tão parecidas resumem tudo que se passa nas nossas vidas. Ora comemos mel, ora tomamos fel. Sem o fel, enjoamos da parte boa da vida. Nos entediamos, não aproveitamos ao máximo. E sem o mel não suportamos, não queremos mais viver.
Eu estou no fel com um toque de mel...e acho que ficarei nesta muito tempo. Mas acho ótimo. Porque aprendo muito.
E você? Está no amargo ou no doce?
Beijos