quinta-feira, 4 de março de 2010

Um capítulo a mais

Este post é sobre saudade.
Acho lindo nossa língua portuguesa resumir em uma única palavra aquele sentimento de nostalgia, amor, dor, lágrimas, carência, alegrias, risos, lembranças. Somos o único povo que tem uma palavra que define de tal modo. Se digo que sinto saudade, a pessoa já sabe, ao modo dela, o quanto aquilo significa pra mim.
Essa semana tive meu momento saudade no onibus. Onibus, aliás, é onde brota meu ímpeto criativo. Meus melhores posts eu pensei em viagens de onibus. Isso até me lembra uma música do Paralamas, que diz:
"Já é hora de vestir o velho paletó surrado
E caminhar sobre o caminho pisado
Que o conduz rumo à batalha que inicia cada dia
Conseguir um lugar pra sentar e sonhar no lotação
E é tudo igual, igual, igual, igual..."
Mas nem sempre é igual...
Bom estava eu pensando, sobre um trecho de um livro. Um livro especial para mim. "Os diários da princesa". Um livro infanto-juvenil, que li no auge dos meus 25 aninhos.
Era fim de ano de 2008. Estava eu curtindo o fim do ano com meus pais, mais precisamente com meu pai, minha irmã e minha mãedrasta. Aquele tinha sido um ano muito tumultuado. Uns 6 meses antes, eu estava trabalhando, pensando em juntar dinheiro para me casar, tudo estável, planos feitos. De repente, meu namoro acabou, minha mãe exigiu cuidados extremos meus por 3 meses por causa de uma cirurgia, tinha que dar conta disso e do meu trabalho e ainda tinha que estudar pro mestrado que pensava em fazer no ano seguinte.
No fim daquele ano, refeita de tudo isso, quis meu cérebro dar um "slow motion". Eu parei de pensar. Estava estafada.
Como fiquei muito doida, acabei tendo de relaxar lendo. Aproveitando que minha irmã andava lendo uns livros, ao ponto de não largar mais, resolvi ver o que tinha neles.
E graças a Deus fiz isso. Aqueles livros me salvaram a psiquê!
Isso porque eu estava toda adolescente. Eu fazia biquinho, batia o pé, sentia muitas coisas (adolescentes sentem com tanta intensidade...), ficava pensando no que os outros pensavam da minha roupa ou cabelo...Eu não sabia o porque.
Eu até aquele momento achava que não tinha tido uma adolescencia normal. Sofri demais com coisas que não quero pra ninguém. E me achava diferente. Não parecia ter vivido aquilo. Eu não queria ser adulta. Não tinha feito tantos planos, que foram por água abaixo? Pra que? Não queria mais. Não podia mais.
Até ler os "diários". Porque ali, uma adolescente nova-iorquina pensava e falava como eu quando adolescente. E via minha irmã fazendo o mesmo, nós interagindo de igual para igual. Então eu era normal! Eu tinha sido adolescente!
Eu chorei ao ler. Eu ri. Eu senti raiva. Eu me apaixonei de novo. Eu exorcizei meus demônios.
E prometi que 2009 eu ia renascer.
O ano começou, e aí senti que ia ser diferente. Entrei no mestrado, deixei meu trabalho, passei fome, aguentei pressão. Vivi emoções fortes, conheci pessoas maravilhosas e outras que não valiam nada. Viajei, passei por situações inusitadas. Amadureci muito.
E no fim do ano de 2009 estava lá eu, pensando que 2010 seria um ano novo, mais 2009 foi um ano especial, marcado para sempre.
E neste ano percebi que quero ser adulta. Eu quero voltar a pensar em casar, ter casa, terminar meu mestrado, fazer minha viagem a Europa. Juntar dinheiro. Eu agora estou mais determinada do que nunca a ser adulta de verdade.
E percebi que, embora tenha meus tempos de menina passaram, eu ainda sou uma garota. Que assiste pica-pau, tem bichinhos de pelúcia, assiste anime, e surta. Mas também sou a mulher que se preocupa em fazer exercício físico para cuidar da saúde, que melhora a alimentação, que vai trabalhar nos fins de semana sem se queixar, que adora o trabalho, que cuida da casa...enfim...Quero ser alguém melhor, e finalmente achei o equilíbrio.
E a saudade que senti? Bom, foi de perceber que estava tudo bem. Eu tinha sido feliz, e não sabia.
E agora estou muito feliz, e percebo muito bem! Sei o que quero, e isso me alivia!
Quero ser uma mulher feliz!
E quero todos vocês felizes também...
Beijos e até breve!
Ah quem quiser, pode ver a música aqui.

4 comentários:

  1. Paty, que bom ler isso! Fiquei extremamente FELIZ por vc! Bora lá ser feliz, mulher!!!!
    Que vc continue buscando e encontrando o equilibrio!
    Bjão

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  2. Flor, gostoso é fazer parte da história junto com você! 2008 também foi um ano de "reformas" aqui dentro... meus amores e desamores, minhas formas de encarar quem abusava da minha boa-vontade. E uma coisa que você me disse ficou forte para me fazer crescer: "é lindo te ver se colocar no lugar dos outros para ajudá-los. Só não se esqueça de que você não deve sair do seu". Trabalhar "lá" fez toda a diferença, porque sofremos, tivemos que nos virar com coisa nenhuma para fazer acontecer por pura boa vontade e crescemos.
    Que Deus continue a iluminar o teu caminho!
    Beijão, cumprida!

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  3. Post que mais gostei Vi!
    Bom sentir esse pensamento positivo...de que apesar de todas as dificuldades nós conseguimos ultrapassar as barreiras e obstáculos.
    Td na vida nos transforma, nunca somos os mesmo, mas todos queremos a mesma coisa, né? Ser feliz!
    Estou sempre torcendo por vc...
    Beijos Patricia

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  4. "...terminar meu mestrado, fazer minha viagem a Europa..."

    Gostei dessa parte! :D
    Brincadeira, gostei do post inteiro. Muito legal a reflexão, como de costume. As pessoas às vezes ficam numa correria de se "adultizar" às pressas, e nessa idade em que estamos eu vejo um monte de amigos que tentam botar uma "capa" por fora, de como se fossem muito maduros etc e tal, e ao mesmo tempo renegando sentimentos de jovem que guardam lá dentro. Eu acho que isso é uma coisa da cultura. Se a gente seguir a natureza, essa "transição" vem aos poucos, naturalmente, desenvolvendo maturidade sem necessariamente passar a faca nas suas características de juventude.

    Seja, sobretudo, original. E isso você é. Então seja sem medo.
    Beijooo

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